quarta-feira, 4 de abril de 2007

Babel

Iñárritu dá-nos mais uma vez, um filme em forma de puzzle á semelhança do que já tinha feito em “21 Gramas” e “Amor Cão”, mas desta vez á escala global. Para isso dá-nos quatro histórias aparentemente diferentes que convergem num ponto, numa arma, e revela uma história complexa e trágica de vidas da humanidade em todo o mundo, tentando transmitir a mensagem de como nós não estamos assim tão distantes apesar das superficiais diferenças culturais e comunicacionais. Em Marrocos, um casal americano tenta dar novo alento ao seu relacionamento, procurando estar sós, deixam os seus filhos com a ama nos Estados Unidos. Um pastor marroquino compra uma arma aos seus filhos para que possam manter os coiotes longe de seu rebanho. Uma menina surda-muda no Japão que trata da rejeição, da morte da mãe, da distância emocional do pai, da sua própria auto-consciência no mundo moderno e metropolitano de Tokyo. Do lado oposto a ama mexicana leva os dois filhos do casal americano em Marrocos para poder ir ao casamento do seu filho numa pequena vila no México, onde ainda não chegou o séc. XXI. As peças estão no tabuleiro, agora para perceber como todas estas histórias se juntam para dar aos espectadores uma forte lição só mesmo vendo o filme. Mais uma obra-prima com a assinatura de um grande realizador.

NOTA 7

quarta-feira, 28 de março de 2007

Nosferatu, F.W Murnau, e o expressionismo alemão dos anos 20


Bem,como grande fanático de filmes de terror resolvi recuar no tempo,mais exactamente a 1920 quando "Nosferatu" de F.W Murnau foi feito para falarvos um pouco de como este filme,principalmente este filme,influenciou muitos outros clássicos do terror que viriam anos depois. "Nosferatu" foi o primeiro grande filme de terror,nesta altura os filmes eram mudos claro,mas isso não impedia de causar os típicos arrepios na espinha que ainda hoje sentimos (ás veeeezes...). Claro que a nossa geração não está habituada a filmes antigos muito menos quando são mudos,e custa-nos a compreender que o que nos parece óbvio actualmente á 80 anos atrás não era nada óbvio,era uma novidade,portanto há que ter um pouco de mente aberta nesta matéria.F.W Murnau foi um realizador alemão que estudou filosofia e história da arte,escusado será dizer que estes dois aspectos mais tarde se iam reflectir nas suas películas.Inicialmente o filme não era para se chamar assim, mas Murnau não conseguiu os direitos do filme e então mudou o nome do filme e das personagens,ou seja, o filme passou a chamar-se Nosferatu, e o conde Dracula passou a chamar-se Conde Orlock. Murnau foi um dos pioneiros do expressionismo alemão dos anos 20,bem como Fritz Lang que fez filmes que vao perdurar para sempre como "Metropolis" ou "As três luzes", ou como S.M Einsestein que fez obras onde o simbolismo e o expressionismo se juntavam criando filmes como "Outubro" que celebravam o final dos 10 anos da revolução Russa, ou o "Acouraçado Potenkim" que também tratava da revolução russa e a invasão ao porto de Odessa na Ucrãnia.Todos estes realizadores têm algo em comum: todos transmitiram mensagens importantes através do cinema,e todos simplificavam a realidade de modo a que fosse explícito para o público. A verdade é que os franceses inventaram o cinema,mas foram os alemães que mais se destacaram. Voltando agora um pouco ao filme de Murnau, como nesta altura não havia som os actores tinham que ser o mais expressivos que pudessem,e a maquilhagem também ajudava muito. O actor que interpretava Nosferatu era Max Schreck,um desconhecido na altura mas que acabou por ficar para sempre recordado pelo seu papel neste filme, Schreck absorveu completamente a personagem "Nosferatu", deixou-se envolver num processo que ainda hoje é utilizado que é o de "ser" essa personagem constantemente até que o filme acaba-se de ser rodado, e os resultados estão á vista, com uma caracterização excelente Schreck em colaboração com Murnau fizeram com que a personagem Nosferatu ficasse para sempre recordada na história do cinema,e os motivos sao simples: Personagens completamente devotos ao seu papel e a influência da pintura no cinema,que se reflecte nos locais onde o filme foi rodado ( foi rodado em pequenas vilas de toda a alemanha).A influência na pintura é algo importantissimo no cinema, e a maioria das pessoas não se apercebe disso. Stanley Kubrick também foi um influenciado pela pintura e isso nota-se em "Barry Lyndon" onde ele cria todo um ambiente de aristocracia baseado nos pintores expressionistas do século XVII. Outra introdução no filme de Murnau foi a importância da sombra,e quem já viu o filme sabe a que me refiro, naqueles anos não havia nada mais arrepiante que um personagem com unhas de 20 cm em cada mão,cor de pele branca,orelhas pontiagudas e 2 dentes afiados á frente a reflectir a sua sombra na parede enquanto procurava a sua próxima vítima. "Nosferatu" é um clássico do cinema de terror e não só, aprende-se muita coisa vendo este filme mesmo que seja mudo e que estejamos a apanhar uma grande seca por não ouvirmos uma única fala, mas é uma fonte de inspiração para filmes que mais tarde iam ser feitos. A importância do expressionismo no cinema foi algo tão simples e criou tanto impacto que nunca vai ser esquecido em tempos futuros,bem como "Nosferatu" e bem como o grande pioneiro Frederick Willem Murnau. Claro que para algumas pessoas é dificil tar a ver um filme destes sem pensar "fogo isto é tão óbvio", mas o óbvio influenciou dezenas de realizadores, e o óbvio influenciou dezenas de filmes, e sem isso não estariamos hoje a ver o nosso filme de terror preferido.....certo? :)

NOTA 10

Scarface


Hoje aproveito a inspiração do sol, a lembrar Maimi Beach, para vos falar de um filme do qual eu sei ser suspeito para falar, uma vez que se trata do meu filme preferido. Mas este facto até pode ser positivo na minha avaliação sobre o “Scar Face”, uma vez que sinto desta forma maior necessidade de argumentar as minhas opiniões.

Este “remake” do “Scar Face” (muito diferente do original de 1916) do Brian de Palma é genial, porque tem a capacidade máxima do cinema, que é transportar o espectador para o ambiente recriado pelo cineasta, e neste filme tudo se conjuga, as praias de Miami, as casas excessivamente grandes e decoradas tal e qual os novos ricos daquela época o faziam, a musica (Quem é que consegue não sentir a adrenalina do “She´s on Fire” ou “Push it to the Limit” ?) a discoteca, os excessos de álcool e drogas, tudo, tudo, recria o ambiente de euforia do inicio dos 80´s na perfeição! Este período da história não é dos mais apreciados pela maioria das pessoas e por isso nem toda gente gosta deste filme, no entanto, as interpretações dos actores são brilhantes, “and that´s a fact”! O Tony Montana (Al Pacino) é uma besta quadrada, burro até dizer chega, mas com um olho fantástico para os negócios ilícitos e todos esse meandros, o homem vive e respira malvadez (para além da coca), tem uma voz e um sotaque que só de ouvir á distancia mete medo, no entanto conseguimos estar um filme inteiro a torcer para que o “mundo seja seu”! A desgraçada e “cocainada” Elvira ( Michelle Pfeifer), mulher do rei do sub-mundo Tony Montana, que nunca consegue ser feliz por mais dinheiro que tenha; o traidor Omar Suarez (F. Murray Abraham) , que transpira a traição por todos os poros! Todos os personagens estão muito bem caracterizados e muito bem interpretados, sem excepção, e podia estar aqui horas a descreve-los, par isso o melhor é mesmo verem o filme!

Em suma, este é um “must see”, é um filme de culto que ainda hoje, 24 anos depois do lançamento, consegue atrair uma multidão! Muito ficou aqui por dizer, coisas que só a experiência do cinema conseguem fazer, por isso vejam o filme e transportem as vossas opiniões para este review! Para mim, já sabem, este filme é:

NOTA 9